Navegando ao acaso, vejo que o Blog do DCE da UnB (normalmente não leio comentários, mas o primeiro comentário ao post do DCE está bem), emitiu uma nota de repúdio a uma ação proposta contra o sistema de cotas lá implantado, por raças. Não concordo com sistema de cotas por raça no Brasil, por acreditar que somos todos da mesma raça, com a diferença de uns serem mais claros e outros mais escuros, a despeito disso, é notável que os mais escuros são menos tudo na escala social existente hoje (podem ser mais tambem, mais discriminados, mais encarcerados, nesses casos, como em outros, são mais), como notável tambem é que os poucos que há em nível social mais elevado são exeções, que confirmam a regra. De forma que tambem não discordo da cota racial, apenas acredito que a cota social seja mais justa.
A começar por cima, há gente que trabalha no Brasil, uma das execeções é o único ministro do supremo tribunal federal (em minúsculas mesmo) negro, Joaquim Barbosa, ele faz o trabalho dele, julga, com isenção, isso incomoda. Incomoda muita gente, que enuncia seu nome pelas mais variadas alcunhas depreciativas existentes. Negro pode, deixar de vender-se não. É notável que se dê preferência a outros ministros do supremo no julgamento de causas “perdidas”, quando a justiça deveria correr em sentido oposto, se tenho direito quero o melhor julgador, não?
Como notável tambem é, que, ao conversar com pessoas daqui* e elas ouvirem falar, por qualquer interlocutor que seja tambem brasileiro, que não são todos os juizes (e/ou funcionários públicos???) que são assim (que roubam, mais explicitamente falando), as pessoas se impressionam: “- Mas nenhum deles deveria roubar?!”.  Mais impressionados ainda, ficam ao saber que um juiz (tambem em minúsculas) no Brasil percebe por mês a bagatela de 7 ou 8 mil euros, salário aqui referente ao chefe de governo, um operário normal pode chegar a receber aqui o mesmo salário de um juiz, com a única diferença que trabalhe bem mais tempo que este para que consiga a mesma quantia. Impressionar-se é importante, continua sendo, correr atrás do certo e fazer o que é certo, para poder cobrar o que é certo.
Sobre a questão racial, melhor que eu, fala Chico Buarque. Sobre ser contra cotas e querer-se melhorar o ensino básico no Brasil, quem quiser pode dar aulas no primário de escolas públicas no Brasil ou então parar com o discurso demagogo. Não que seja um trabalho indigno, muito pelo contrário, mas eu não quero, assim como todos que enunciam o discurso acima,  e se quisessem realmente fazer algo não haveriam tantos advogados, médicos, etc, etc, etc por ai. Que permaneçam as cotas, e sejam reclamadas por aqueles que delas necessitem (ou não).

* – Nota especial que aqui tambem não é o paraíso, mas em 2001 Mário Conde, (banqueiro, como um certo brasileiro) foi condenado a 14 (QUATORZE) anos de prisão, a devolver 7200 milhões de pesetas (43 milhões de euros) ao banco onde trabalhava e sua fiança foi fixada em 500 milhões de pesetas (3 milhões de euros), uma pena que no Brasil um banqueiro condenado com provas contundentes em seu desfavor, seja chamado de brilhante por um ex-presidente da república (que chama uma pessoa de conduta duvidosa de corajoso e um ínclito delegado de amalucado), e o delegado que o investigou seja perseguido, assim como tambem o é, o juiz que julgou o caso em primeira instãncia.