Watchmen

Watchmen

Eu gosto de filmes de super heróis. Na verdade, acredito eu que seja a grande sacada dos efeitos especiais, os super heróis. Afinal, pra se fazer um filme, não são necessários os milhões de Hollywood, senão não haveria cinema no resto do mundo (cinema de melhor qualidade incluso), porém pra fazer um filme de super herói, os efeitos são sim, algo que dá mais “realismo” ao filme.

Hoje em dia há filmes de praticamente todos eles,  em 1989 era raro, e fui ver Batman no cinema umas três vezes, claro, era meu herói preferido, por causa do Cavaleiro das Trevas, que havia lido um ou dois anos antes.

Desde então, vi muitos outros, principalmente nos últimos tempos, depois que virou moda. O último que vi, e vi duas vezes, porque meu sobrinho Daniel pegou uma versão super high definition, foi Watchmen. É baseado num quadrinho dos anos 80, mais ou menos a mesma época do Cavaleiro das Trevas, mas que só vim ler depois de muito tempo, pelo PC num arquivo PDF que achei (ler quadrinho em PDF eh uma droga). Assim como a estória de Batman, é muito famoso o quadrinho dos Watchmen, até hoje. Ambas são estórias bacanas, no caso dos heróis de Watchmen, não há super poderes, com a excessão do Dr. Manhattan, são todos humanos normais, como Batman =).

Todos eles tem seus problemas existenciais, e correntes de pensamento, com as dificuldades relativas a elas. E é justamente nos problemas deles, que está o “a mais” da estória. Um é fascista, outro violento, outro tem vergonha, outro é sociopata, enfim, os diferentes comportamentos fazem com que seja necessário primeiro regulá-los, e depois tirá-los de ação. A frase que indica isso no filme é: “Quem vigia os vigilantes?“; ou em inglês: “Who Watches the Watchmen?“. É basicamente um princípio também usado no Cavaleiro das Trevas, de forma mais sútil, e que resulta num embate dos heróis contra eles mesmos, nos dois casos.

Isso deve ter sido uma sacada de Alan Moore (assim como de Frank Miller), pois o problema foi anteriormente proposto por Sócrates e descrito por Platão na República. Onde na sociedade perfeita, os guardiões devem proteger a cidade, e também proteger-se deles mesmos (isso é um resumo um tanto quanto bobo). E isso é apenas um dos muitos aspectos tirados da filosofia que se pode extrair dos quadrinhos (por conseqüência, do filme também), claro que para quem gosta e conhece filosofia, muito mais do que pra quem lê os quadrinhos, o filme vai ficando bobinho. Mas afinal de contas, é um filme de super heróis, tem que ser bobo! Isso que é bom. =)

Uma curiosidade a mais, pra nós brasileiros, é que uma desembargadora federal do Rio de Janeiro, do Tribunal Regional Eleitoral, citou Watchmen em uma decisão, infelizmente o trecho citado por ela, não era bem de Watchmen, e sim esse dai acima, de Sócrates/Platão. Segue transcrita abaixo o pedaço da citação:

“Inquérito nº 47

Protocolo nº 26.430/2007

Decisão

“Who watches the Watchmen?”

— Alan Moore, Watchmen”

Fogo, logo no nosso judiciário que gosta tanto de uma expressãozinha em latim… Bom, pelo menos a desembargadora gosta de quadrinhos né. Dos males o menor. O link com a notícia completa sobre o caso da desembargadora é da Conjur, clicando aqui dá pra ler tudo. Claro que ninguém prestou muita atenção nisso, acho que hoje em dia tá mais em voga citar Alan Moore que Platão…