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Viaggiare è una brutalità

Il discorso di Sergio Marchionne al Meeting di Rimini (10:12 – 11:06)


“Aveva ragione Cesare Pavese quando disse che: “Viaggiare è una brutalità. Obbliga ad avere fiducia negli stranieri e a perdere di vista il comfort familiare della casa e degli amici. Ci si sente costantemente fuori equilibrio. Nulla è vostro, tranne le cose essenziali – l’aria, il sonno, i sogni, il mare, il cielo. Tutte le cose tendono verso l’eterno o ciò che possiamo immaginare di esso”.

Ma è proprio per questo che viaggiare, cambiare ambiente e conoscere altre culture è uno straordinario modo per crescere – e per farlo in fretta. Il contatto con un mondo sconosciuto è qualcosa che ti cambia nel profondo perché ti costringe a contare solo sulle tue forze e a superare i tuoi limiti.”

No te Rindas – Mario Benedetti

No te rindas, aun estas a tiempo
de alcanzar y comenzar de nuevo,
aceptar tus sombras, enterrar tus miedos,
liberar el lastre, retomar el vuelo.

No te rindas que la vida es eso,
continuar el viaje,
perseguir tus sueños,
destrabar el tiempo,
correr los escombros y destapar el cielo.

No te rindas, por favor no cedas,
aunque el frio queme,
aunque el miedo muerda,
aunque el sol se esconda y se calle el viento,
aun hay fuego en tu alma,
aun hay vida en tus sueños,
porque la vida es tuya y tuyo tambien el deseo,
porque lo has querido y porque te quiero.

Porque existe el vino y el amor, es cierto,
porque no hay heridas que no cure el tiempo,
abrir las puertas quitar los cerrojos,
abandonar las murallas que te protegieron.

Vivir la vida y aceptar el reto,
recuperar la risa, ensayar el canto,
bajar la guardia y extender las manos,
desplegar las alas e intentar de nuevo,
celebrar la vida y retomar los cielos,

No te rindas por favor no cedas,
aunque el frio queme,
aunque el miedo muerda,
aunque el sol se ponga y se calle el viento,
aun hay fuego en tu alma,
aun hay vida en tus sueños,
porque cada dia es un comienzo,
porque esta es la hora y el mejor momento,
porque no estas sola,
porque yo te quiero.

Museo Art Nouveau y Art Déco Casa Lis (Salamanca). Fotografía: Carlos Horcajada.

#TeamDeneuve

Ando escrevendo pouco, começo o texto com um eufemismo pra ocultar que na verdade eu ando a não escrever nada. Não obstante algumas discussões a respeito do que seja ou não machismo me levaram a tecer algumas suposições, que mais do que compartilhar como uma idéia ou noção pronta, gostaria de discutir com os mais variados interlocutores para tentar construir algum consenso, e ver se dessa cartola sai algum coelho.

Isso dito, e começando pelo começo, minhas elocubrações começaram quando recebi um grupo de vídeos realizados pelo distrito de Victoria na Austrália que são contra a violência familiar. De acordo com a página oficial dos vídeos, a violência familiar começa por meio de piadas sexistas e comentários inoportunos dirigidos às mulheres, coisas que acontecem nos vídeos que constam da página oficial, o 60sec, o BBQ, e o BAR.

Como explicitado na página oficial, e eu faço questão de fazer uma tradução “meia-boca” aqui pro português, porque merece a divulgação, devemos fazer objeções ou explicitar descontentamento quando alguém propaga uma piada machista, denigre um familiar causando-lhe tristeza, controla como o parceiro gasta o próprio dinheiro, onde vai, com quem, e tenta afastá-lo da própria família.

Além disso também pode demonstrar que não dá suporte à sexismos, assédio, papéis familiares rígidos no que se refere a gênero, estereótipos masculinos e femininos, homens controlando mulheres, ou homens falando sobre mulheres de modo agressivo e desrespeitoso, mesmo que seja em particular.

Até ai tudo bem, a grande maioria dos tópicos seguem regras básicas, não somente de boa educação, mas também de boa convivência. As situações demonstradas nos vídeos são bem ilustrativas, sendo a mais controversa pra quem não entende inglês ou não prestou atenção, a do BAR, onde o rapaz faz não somente piadas sexistas como também se propõe a paquerar a garota embasando-se em como ela se veste. Como recebi os vídeos por meio um mensageiro instantâneo, assisti uma edição que continha um vídeo a mais, onde um rapaz constrange uma moça no ônibus com o olhar. Esse vídeo em particular eu não sei se faz parte da mesma campanha.

A partir dai, comecei a pensar não exatamente sobre os vídeos e os comportamentos neles contidos, que são tão claros, quanto reprováveis. E eu estou em plena concordância com tudo o que diz a página da campanha oficial.

Não obstante passei a refletir sobre situações menos explícitas do que essas, levando em consideração por exemplo as paqueras, numa situação análoga a do vídeo do bar, que em tempos de caça as bruxas e Harvey Weinstein, têm pagado um pato enorme. Chamo de caça as bruxas porque as paqueras levam a má fama por muitas coisas que até considero aceitáveis, e são consideradas como assédio, incluso pior…

No vídeo do bar, pra me fixar nesse exemplo concreto, excluindo os comentários torpes, acho que sim, pode acontecer um flerte ali. Não obstante muitas amigas minhas consideram que não, e ainda me consideram machista por ter opinião diversa, o que pra mim é impressionante! Ai, uma coisa que acontece a menudo é o argumento tu quoque, que é exatamente o motivo de eu escrever o texto, em muitas discussões, quando começo a “livrar a culpabilidade dos paqueradores”, sejam homens ou mulheres, sempre sou interrompido com:

“-Você nunca vai entender, porque você não é mulher, você não sabe como é!”

Pra mim esse é o pior argumento, porque sem entrar no mérito do que eu disse, ou defendo, me desloca pra um “time” apenas por “ser quem sou”, ou defender o que defendo. Então, mas se eu fosse uma mulher, ou homem, que não se encaixa nos padrões de belezas impostos pela sociedade, eu também não entenderia, já que também não seria paquerado. Mas como forma de quebrar o argumento tu quoque, e defender meu ponto de vista, uso o argumento Catherine Deneuve, que em conjunto com outras mulheres na França, escreveu uma carta pública dizendo o seguinte:

“Os homens têm sido punidos sumariamente, forçados a sair de seus empregos, quando tudo o que eles fizeram foi tocar o joelho de alguém ou tentar roubar um beijo…”

“Estupro é crime, mas tentar seduzir alguém, mesmo de forma insistente ou desajeitada, não é – tampouco o cavalheirismo é uma agressão machista.”

As autoras argumentam que há um novo “puritanismo” no mundo.

“Essa febre de enviar “porcos” ao matadouro, longe de ajudar as mulheres a serem mais autônomas, serve realmente aos interesses dos inimigos da liberdade sexual, dos extremistas religiosos, dos piores reacionários”.

Ora, Deneuve é mulher, atriz e bonita, provavelmente no último ano, ela foi mais paquerada do que eu e todos os meus interlocutores seremos durante toda a nossa vida. E ainda assim ela defende um ponto de vista, que se não é igual, se parece muito ao que eu defendo. Na Espanha há um ditado que diz, pagam os justos pelos injustos, é certamente claro que as situações descritas nos vídeos da campanha contra violência são corretíssimas, tanto quanto uma pessoa comum, do dia-a-dia, que goste de paquerar, não precisa temer fazê-lo.

O texto nasceu, entre outras coisas, através de conversas com Heloisa, informações encontradas no Blog Meme de Carbono, e diversos jornais e afins ai pela internet.

Reproduções…

“Há 50 anos, os estadunidenses, ou ao menos os não-pobres entre eles, “descobriram” a pobreza, graças a um livro de Michael Harrington, que falou sobre a existência de uma “Outra América”. Cinquenta anos depois, uma nova descoberta da pobreza está muito atrasada. E se olharmos bem de perto, teremos de concluir que a pobreza não é, afinal, uma aberração cultural ou uma falha de caráter, como a “cultura da pobreza” sustentou nos EUA. A pobreza é a falta de dinheiro.

Assunto interessante, porque uma mistura de weberianismo com ideologia de jornalista empregado de banco fez crer que a pobreza é a punição do sujeito por seus desvios morais. As ideologias reformadas ajudaram muito a inflar esse balão, também. Ou seja, você é pobre porque quer, porque é preguiçoso, porque não louva a deus, porque tem defeitos morais…

TUDO ISSO SÃO TOLICES, UMAS POR CIMA DAS OUTRAS. VOCÊ É POBRE PORQUE MEIA DÚZIA É RIQUÍSSIMA.”

Por Andrei Correia.
Com umas maiúsculas minhas no final, que é bacana!

Poder Judiciário: a ponta de lança da luta de classes – 09/03/2018

A edição de março de 2018 da Revista Le Monde Diplomatique trás a seguinte reportagem de capa:
O papel do Judiciário na canalização das disputas e a crença disseminada de que os tribunais são capazes, em algum grau, de aplicar a lei tal como ela está formulada fazem nascer uma sensação de abandono quando deparamos com uma situação de arbitrariedade judicial indisfarçada. A quem vamos recorrer, quando até a Justiça é injusta?


O golpe de 2016 representou um duríssimo revés na percepção até então dominante de que a democracia brasileira, mesmo com todos os seus problemas e aos trancos e barrancos, caminhava para sua “consolidação”. Não foi apenas porque as classes dominantes abandonaram o respeito às regras do jogo e decidiram virar a mesa quando perceberam que, novamente, eram incapazes de impor seus preferidos por meio da eleição popular. O impeachment ilegal da presidenta Dilma Rousseff e o acelerado retrocesso em direitos e liberdades que se segue a ele mostram que as instituições não só não cumpriram seu papel de proteger a ordem constitucional e a democracia, como também participaram ativamente de sua subversão.

O que a onda global de desdemocratização e os golpes brandos ocorridos principalmente na América Latina vêm revelando é que o ordenamento político da democracia liberal pode ser usado para impedir o progresso social, bloquear as demandas por igualdade e, embora mantendo uma aparência de normalidade, despir os mecanismos democráticos de qualquer efetividade a que possam aspirar. No Brasil, chama atenção o protagonismo assumido pelo Poder Judiciário.

O papel do Judiciário na deflagração e convalidação do golpe político é perceptível para qualquer observador. Mas a ação cotidiana de juízes de todas as instâncias também corrobora o viés favorável aos grupos dominantes, como mostram as sentenças diferenciadas conforme a posição social dos acusados – por exemplo, a posse de uma pequena quantidade de droga ilegal pode levar a desenlaces completamente diferentes de acordo com a cor da pele e a classe social do portador. Em seu conjunto, o Poder Judiciário atua como avalista da desigualdade e das relações vigentes de dominação – o que corresponde, aliás, à posição do direito como “código da violência pública organizada”, como escreveu Poulantzas.

O que chama atenção do Brasil é que o Judiciário ocupa a posição de ponta de lança da luta de classes, cumprindo papel crucial na produção, aplicação e, em particular, legitimação das medidas que implicam retrocessos para a classe trabalhadora e outros grupos em posição subalterna. O que permitiu isso foram mudanças ocorridas nas últimas décadas e saudadas em geral como “avanços”.

Desde a promulgação da Constituição de 1988, observadores da política brasileira têm falado do crescente protagonismo do Poder Judiciário. A Carta constitucional garantiu prerrogativas estendidas e propiciou mudanças de comportamento dos agentes, levando aos fenômenos paralelos da “judicialização da política”, que faz as disputas passarem a ser resolvidas nos tribunais, e do “ativismo judiciário”, pelo qual o poder relativiza sua caracterização tradicional como “inerte”, avoca a si a iniciativa da ação e toma decisões que seriam do Legislativo ou do Executivo. Outra inovação da Constituição foi a enorme ampliação do âmbito de atuação do Ministério Público, órgão vinculado ao Poder Executivo, mas que cumpre funções judiciárias.

No período de ascensão democrática que se seguiu à promulgação da nova Constituição, esse alargamento dos poderes de juízes e procuradores foi, em geral, visto de forma positiva pelas correntes mais progressistas. A defesa de interesses coletivos e difusos, atribuída ao MP, prometia uma ampliação – necessária e urgente – da proteção a grupos oprimidos ou ao meio ambiente. As decisões tomadas no âmbito das cortes superiores podiam representar, por vezes, uma usurpação do poder de legislar, mas se mostravam mais avançadas do que aquelas advindas de um parlamento notoriamente corrompido e no qual era crescente a capacidade de chantagem de grupos fundamentalistas.

O Tribunal Superior Eleitoral introduziu regulações na disputa partidária (a chamada “verticalização” das coligações, depois revogada em 2002), no exercício parlamentar (a perda de mandato parlamentar por desfiliação, em 2007) e no funcionamento das cotas eleitorais para mulheres (com o entendimento de que o descumprimento da regra levaria à impugnação da lista partidária, em 2010) que se alinhavam ao ideal normativo da competição democrática compartilhado por liberais esclarecidos e por grande parte da esquerda brasileira. O Supremo Tribunal Federal estabeleceu direitos de minorias sexuais (reconhecimento da união civil homoafetiva, em 2011) e ampliou direitos reprodutivos (extensão do direito de aborto no caso de anencefalia fetal, em 2012), em sintonia com bandeiras progressistas. Sem discutir o mérito das decisões, elas com certeza extrapolam o que era a intenção original do legislador. Nenhuma delas teria passado no Poder Legislativo.

O desenvolvimento talvez mais surpreendente foi a aprovação em 2010, pelo próprio Congresso, de legislação que confere ao Judiciário um poder de veto na seleção de candidatos às eleições. A chamada Lei da Ficha Limpa, apresentada como iniciativa popular, apoiada pela quase unanimidade dos parlamentares e sancionada entusiasticamente pela Presidência da República, em meio a um verdadeiro clamor midiático, determinou a tutela do Judiciário sobre a soberania popular. Ainda assim, poucas vozes se ergueram contra ela.

Diante das dificuldades para elevar a educação política média dos brasileiros, a Ficha Limpa parecia um atalho seguro para a “moralização” do Estado. Trata-se de um elemento constante: o elogio da ação política do Poder Judiciário, no momento em que ela alavancava causas progressistas, é tingindo por uma percepção elitista (juristas capacitados podem decidir com mais competência) e pelo desânimo quanto à possibilidade de produzir uma opinião popular mais engajada e esclarecida.

Outra característica do Brasil é que o ativismo judiciário não é privilégio das cortes superiores. Até mesmo juízes de primeira instância podem tomar decisões de enorme repercussão coletiva – os casos de bloqueio de aplicativos de smartphones com milhões de usuários servem de exemplo. Na crise política brasileira, o juiz paranaense Sérgio Moro ocupou posição central ao liderar a Operação Lava Jato. Embora a justificativa para o impeachment nada tivesse a ver com a operação, apoiando-se em operações de crédito junto a bancos estatais (as chamadas “pedaladas fiscais”), ela foi instrumental para criar o clima de opinião que sustentou a derrubada do governo. Declaradamente inspirado na operação italiana Mãos Limpas, Moro julga que é importante dar grande visibilidade midiática e obter o “apoio da opinião pública” ao combate à corrupção.

A Lava Jato revelou parte da corrupção sistêmica da política brasileira por meio de operações espetaculares que, no entanto, atingiram de forma muito desproporcional o PT e seus aliados. Seu modus operandi privilegiado, a “delação premiada”, dá grande margem a que o agente da lei oriente o curso da investigação. Muitas vezes, seus resultados dependem da desobediência ao devido processo legal e de formas de intimidação contra testemunhas e suspeitos.

Não custa lembrar que Moro é o tradutor do artigo de um juiz norte-americano que ensina como coagir acusados para que denunciem seus cúmplices.1 Em vários momentos, sua atuação se mostrou claramente casada com o cronograma da derrubada da presidenta Dilma, culminando na divulgação do áudio de uma escuta telefônica ilegal, com uma conversa entre ela e Lula. Embora o juiz tenha sido obrigado a um envergonhado pedido de desculpas e ao reconhecimento de que a divulgação da conversa fora “equivocada”, ele continuou chefiando a operação. Atualmente, como se sabe, Moro e o tribunal de recursos ao qual sua vara está vinculada, o TRF-4, são instrumentais no impedimento à candidatura presidencial do ex-presidente Lula, que é outro importante passo no esvaziamento do que restava de esperança de respeito ao princípio básico da democracia liberal – a consulta ao povo para a escolha dos governantes.

Como um juiz de primeira instância foi capaz de acumular tamanho poder? A resposta se vincula tanto às peculiaridades da organização do Poder Judiciário no Brasil a partir da Constituição de 1988 quanto à bem-sucedida ofensiva do juiz Sérgio Moro junto à opinião pública, orquestrada com os meios de comunicação hegemônicos. Moro se tornou o emblema vivo do combate à corrupção e, portanto, intocável. As muitas arbitrariedades que cometeu ao longo do processo foram quase sempre abafadas após exposição mínima, e denúncias de graves irregularidades que o chamuscavam, como aquelas que transparecem no depoimento do advogado Rodrigo Tacla Duran, foram simplesmente deixadas de lado.

A pergunta mais importante, porém, é outra: por que as instâncias superiores do Judiciário não intervieram diante de abusos tão patentes nas investigações? Questão intrigante, sobretudo quando se lembra que, dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal no período da derrubada de Dilma, oito tinham sido nomeados por ela ou por Lula. Qualquer explicação deve levar em conta que o STF não ficou imune ao clima de opinião formado a partir da Lava Jato – e a vulnerabilidade aumentada à pressão da “opinião pública” e da mídia é uma das características do Judiciário ativista. E também que os governos petistas não foram capazes de apresentar indicações para o Supremo que estivessem à margem do establishment jurídico e político. Pelo contrário, optaram quase sempre por demonstrar moderação, preferindo juristas conservadores e com trânsito nos partidos de direita. Também aqui a política de conciliação cobrou seu preço.

É preciso ponderar, porém, que se trata de uma situação difícil, não algo que se pudesse resolver por um mero ato de vontade do ocupante da Presidência da República. Por um lado, a indicação de juristas abertamente comprometidos com as causas populares seria encarada como rompimento do pacto que permitia a permanência do PT no poder e a implantação de políticas tímidas (mas mesmo assim importantes) de resgate da dívida social. A atuação do Supremo como avalista dos retrocessos é um indício, entre muitos outros, de que as condições de manutenção desse pacto foram erodidas. Essa é a ficha que falta cair para parcela da esquerda brasileira.

Por outro lado, o campo jurídico possui seus próprios filtros e mecanismos internos para forçar a adaptação às posições mais conformistas, mormente quando se alcançam funções de mais prestígio, poder e visibilidade. Como em outros campos (o jornalismo serve de exemplo), o conservadorismo transita como “imparcialidade”, mas visões críticas e comprometidas com a justiça social aparecem como sectárias, dificultando, portanto, a ascensão na carreira. Certamente há juízes progressistas, mas estão em situação parecida à de oficiais militares progressistas nos anos 1960. As iniciativas do Conselho Nacional de Justiça com vistas à perseguição de dissidentes ainda têm encontrado resistência, mas mostram que, na conjuntura aberta com o golpe, é possível que o Poder Judiciário se torne ainda menos arejado.

No início deste ano, dois eventos dissimilares apontaram para mudanças no cenário. Um deles foi a exposição, pela mídia hegemônica, de vantagens imorais auferidas por grande parte dos juízes, incluído aí o próprio Sérgio Moro, em particular um “auxílio-moradia” dado a quem evidentemente não precisa dele. Ao que parece, setores da coalizão golpista decidiram indicar ao Judiciário que ele não é intocável. O outro foi o anúncio, pelo ocupante da Presidência, da intervenção federal no Rio de Janeiro, que concede peso e visibilidade a um ator que, até agora, era mantido à sombra: as Forças Armadas.

Quaisquer que sejam as mudanças a que levem as disputas internas entre os grupos que deram o golpe em 2016, é ilusório pensar que o Judiciário pode ser um agente do retorno à democracia. Recursos ao STF, como ocorreram quando da deposição de Dilma e ocorrem agora com a condenação de Lula, cumprem muito mais um papel de denúncia, já que a corte demonstrou mais de uma vez seu desprezo pela legalidade fraturada.

É uma situação dramática porque, se a lei é um código da violência do Estado, como diz a citação de Poulantzas referida antes, ela também organiza, inibe e torna predizível essa violência. Sua imparcialidade ostensiva e os valores civilizatórios que ela tem de aparentar encarnar são concessões arrancadas pela luta dos grupos dominados. Também podem ser usados contra os dominantes e constrangem o exercício arbitrário do poder. O império da lei não é a garantia de uma sociedade justa, já que a lei reflete a correlação de forças dentro dessa sociedade. Mas a ruptura do sistema legal, que permite à dominação social se exibir em toda a sua nudez, retira dos mais frágeis as garantias que eles foram capazes de obter.

Quando a discricionariedade extralegal do sistema judicial, que nunca deixou de operar em prejuízo das populações mais pobres e periféricas, atinge o coração do sistema político, a democracia liberal entra em colapso. Significa que a ordem instituída não permite mais sequer que suas próprias promessas sejam mobilizadas para conter sua violência. Significa que a pressão dos dominados, que era aceita, desde que controlada, como parte do jogo, agora deve ser extirpada.

O papel do Judiciário na canalização das disputas e a crença disseminada de que os tribunais são capazes, em algum grau, de aplicar a lei tal como ela está formulada fazem nascer uma sensação de abandono quando deparamos com uma situação de arbitrariedade judicial indisfarçada. A quem vamos recorrer, quando até a Justiça é injusta? É a realidade de um país que passou de uma democracia formal, limitada, para uma democracia menos que formal, cujas instituições não se preocupam mais em disfarçar sua tendenciosidade em favor dos poderosos.

Como instituição política que é, o Poder Judiciário é sensível à correlação de forças na sociedade. É a resistência contra os retrocessos, o aumento na mobilização social, o protesto contra as arbitrariedades e a desobediência civil que podem restaurar o funcionamento mínimo de uma justiça burguesa que, ainda que sem perder o qualificativo “burguesa”, possa aspirar ao nome de “justiça”.

 

Por Luis Felipe Miguel no Le Monde Diplomatique Brasil.

Luis Felipe Miguel é professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília.

El Hijo.

Nadie sabe cómo: Yahvé, el único dios que nunca hizo el amor, fue padre de un hijo.

Según los evangelios, el hijo llegó al mundo cuando Herodes reinaba en Galilea. Como Herodes murió cuatro años antes del comienzo de la era cristiana, Jesús ha de haber nacido por lo menos cuatro años antes de Cristo.

En qué año, no se sabe. Tampoco el día, ni el mes. Jesús ya había pasado casi cuatro siglos sin cumpleaños cuando san Gregorio Nacianceno le otorgó, en el año 379, certificado de nacimiento. Jesús había nacido un 25 de diciembre. Así, la Iglesia Católica hizo suyo, una vez más, el prestigio de las idolatrías. Según la tradición pagana, ése era el día en que el sagrado sol iniciaba su camino contra la noche, a través de las tinieblas del invierno.

Haya ocurrido cuando haya ocurrido, seguramente no se festejó aquella primera noche de paz, noche de amor, con esa cohetería de guerra que ahora nos deja sordos. Seguramente no hubo estampitas mostrando al bebé de rulitos rubios que aquel recién nacido no era; como no eran tres, ni eran reyes, ni eran magos, los tres reyes magos que iban camino al pesebre de Belén, tras una estrella viajera que nadie vio nunca. Y seguramente, también, aquella primera Navidad, que tan malas noticias traía para los mercaderes del templo, no fue ni quiso ser una promesa de ventas espectaculares para los mercaderes del mundo.

Eduardo Galeano – Espejos. Una Historia casi universal.

gal

Friends…

Hoje eu acabei de ver Friends… A série acabou em 2004, e em algum lugar de 2013, eu voltei a assistir, devagarinho, cada um dos mais de 230 episódios, desde o primeiro. E agora, depois de dez anos do fim, finalmente eu vi tudo.

Rever Friends foi como reviver vários momentos, desde que comecei a usar internet, e Alberto falava da série, e eu conseguia fazer o download de algum capitulo perdido, ou então assistia no canal Warner de algum amigo ou familiar, desde que Lenio também indicou a série e depois foi morar nos EUA, e contava as histórias dele por lá. Já bem mais tarde, Luiz comprou os DVD’s de algumas temporadas, que eu gravei a contragosto de Izabella, para assistir com ela mesma. Depois Luiz montou o café, e casais formados, sempre haviam piadas com os personagens da série… Monica sobretudo.

Friends marcou uma época da minha vida, e eu nunca havia acabado de ver a série. Mesmo sabendo como acabaria, quando estava de passagem por alguma TV ligada, durante todo esse tempo, e passava algum capitulo que não tinha visto, não me detinha a assistir. Não porque não quisesse, que queria, mas por não querer saber mais nem um detalhe antes do tempo.

Durante esse tempo revendo a série, revivi vários momentos meus, ri pra caramba, chorei um um bocado também (é, eu perdi mesmo a vergonha, kkkkk), misturei a série com minha vida, como fazia com todo mundo antigamente, e essa parte creio eu, era a mais engraçada, e ninguém nem imagina como! Separava tudo de novo, só pra poder voltar a misturar…

No meio tempo, convenci uma amiga que não havia visto, a acompanhar, para estudar inglês. Assisti alguns com Monica ao cubo (sim, isso existe!). E finalmente fiz novas associações, não tão exatas como as de antes, mas bem legais também. Em 2014 fizeram dez anos do fim da série como já disse, e como foram dez temporadas, fizeram também 20 anos que começou a série. Nesses vinte anos mudou muita coisa na minha vida, como não poderia deixar de ser.

Poderia dizer que algumas coisas mudaram pra pior, outras pra melhor, mas é mais elegante dizer que apenas houveram as mudanças, e seguir em frente como os personagens dizem a Ross desde os primeiros capítulos. Algumas dessas mudanças, seja pelo motivo que for, ocorreram de forma mais espaçada no tempo, e não pareciam acabar.

Ver a portinha roxa do apartamento fechada, com a janelinha amarela, e todos saindo pela ultima vez pra ir ao Central Perk, fechou algumas portas e janelas pra mim também. Foi bom pra caramba acompanhar a série, rever, reviver, ressentir, cheiros, comportamentos, lugares e pessoas a cada vinte minutos de cada episódio.

Não importa se era mais um enlatado, vou ficar com muita saudade de Friends. E amanhã, sair pra tomar um café, mas agora sem Rachel, Monica, Ross, Chandler, Joey e Phoebe. Esses agora se juntam na minha imaginação, com outros personagens, e vão ficar ali guardadinhos, de vez em quando eu vou lá visitá-los, eles sempre vão me fazer recordar de outros tempos, mágicos, e fantásticos…

A felicidade no mundo…

Outro dia pus no grupo de minha família uma foto que achei legal, a foto era essa ai de baixo, e mostra um mapa do mundo baseado em um índice de felicidade…

The Happiness scale

The Happiness scale

Eu coloquei a foto, só por achar legal ver que o Brasil era um país feliz… Sem muitas pretensões. Na verdade ainda fiquei com vontade de fazer uma pequena piada com a Finlândia que se supõe ser um país ótimo, e não obstante, seguindo o tal mapa, seria um país triste… Então seria melhor morar no Brasil, onde “está tudo errado” chegar em casa e ser feliz, do que morar na Finlândia, onde “está tudo maravilhoso”, chegar em casa e ser triste… Uma piada boba, enfim…

No grupo eu recebi a resposta:

“Pelo mapa o povo mais feliz do mundo está na Venezuela?
A Espanha está tristinha ou tá feliz?
Perdeu a credibilidade.
Mas é bom para mandar pros americanos.”

Creio que a menção a Venezuela, e a perda de credibilidade, seria porque deveríamos supor que é improvável ser feliz lá. Tanto quanto é improvável que eles sejam um povo feliz. Eu acho que essa idéia, ou opinião, vem das animosidades que se formaram no Brasil de uns tempos para cá, em torno de ideias um pouco tortas sobre governos, política, e por ai vai…

A figura, é uma parte de um gráfico maior, encontrado no Blog do Fórum Econômico Mundial, sem maiores intenções políticas, creio eu, no entanto sobre as preocupações acerca da Venezuela, eu faria algumas observações não políticas… Ou quase… Por exemplo, a Índia…

A Índia é um país com 1,2 bilhões de pessoas, onde 80% dessa população é Hindu, a sociedade está dividida por castas, dentre essas castas existe uma chamada Dalit. Dentre os Dalits, que são mais ou menos 180 milhões de pessoas, existem aqueles que nasceram para limpar excrementos, em números são mais de 1 milhão de pessoas. Agora veja só, a Índia é um país verde, ou seja, feliz. Isso quer dizer que dentre esses mais de 1 milhão de pessoas, que “nasceram predestinados” a limpar cocô, existe alguém feliz, claro, existirão os revoltados, os infelizes, os conformados, existirá de tudo, e eu tenho muitas esperanças que esses últimos sejam maioria, mas se existe de tudo, vão existir os felizes também, e a simples possibilidade, da existência de alguém que “nasceu pra limpar cocô” ser feliz, me exaspera. A existência dessa pessoa deveria significar que 99% do resto do planeta não tem motivos suficientes para ser infeliz. A Índia ser um país verde, me preocupa…

Venhamos mais pro “ocidente” e vejamos a África. A África não foge as expectativas, e é quase toda vermelhinha… Ou seja, infeliz… Não obstante, existe um país verdinho por ali, norte da África, chamado Marrocos. Agora bem, o Marrocos é um país de religião muçulmana, de tradição conservadora e patriarcal, pode-se até mesmo dizer, machista.

Existe uma lei no Marrocos, que serve para “proteger” as meninas e/ou mulheres indefesas, e poupar as famílias da “vergonha” da filha perder a “honra”, onde um amante, sequestrador ou estuprador que se aproveite da moça, caso resolva casar-se com ela posteriormente, se isenta do crime. É notável a boa intenção desse parágrafo do artigo 475 do código penal marroquino, que queria proteger as moças que queriam manter relações antes do matrimônio, caso fossem descobertas, obrigava o rapaz a casar-se com elas. O problema é que esse mesmo artigo passou a ser usado por estupradores, como já foi dito, para se livrarem do crime depois de cometido, esse matrimônio é incentivado pelas famílias das vítimas e pelos juízes responsáveis, essa situação chegou a causar a morte por suicidio de pelo menos uma garota, porque o estuprador além de casar-se, passou a maltratá-la… É como se as mulheres fossem cidadãs de segunda classe, apenas um pouco melhor que os Dalits na Índia…

Agora levando em consideração que em um país a proporção entre homens e mulheres será mais ou menos a mesma, 50% com alguma variação pra mais ou pra menos, e que o país só será verde, ou “feliz”, se tem mais de 50% da população que se diz feliz, existem mulheres no Marrocos que estão felizes com isso!!! De novo, a simples possibilidade da existência dessas mulheres, felizes nessa situação, me dá calafrios… E novamente, a existência dessas mulheres, deveria fazer com que o resto das mulheres do mundo sejam todas felizes! Inclusive aquele 1% que era infeliz mesmo sem ser uma Dalit! O Marrocos ser verde me preocupa…

Voltamos então à Venezuela… Eu não sei quais os critérios usados para a elaboração do mapa. Mas acredito que há menos haver com política, ou religião, e mais com como a população do país se vê, e quanto a isso não se pode fazer nada, o país pode até mesmo estar em guerra, e a população estar, ou se dizer, feliz, apesar da improbabilidade de isso acontecer, não seria impossível. De forma que, não importa que eu ache que um Dalit, ou uma marroquina não possam ser felizes, porque efetivamente, eles podem. Todos os lugares têm coisas boas e ruins, para mim a felicidade traduzida no mapa, diz que o povo de determinado lugar é feliz, apesar das coisas ruins que ali existem, nisso, meu julgamento não pode influenciar. De forma que eu fico satisfeito pelos Dalits e marroquinas felizes, e prometo não julgá-los. =)

E por fim, fico muito orgulhoso da America Latina e Central, que quase como um todo, ocupam as primeiras colocações nos índices de felicidade, isso pra mim, quer dizer que apesar de todos os problemas existentes, o povo desses lugares é feliz, e sinceramente, eu acho bastante plausível, porque preferiria ser Guatemalteco do que Dalit.

1 – Costa Rica.

2 – Vietnam.

3 – Colombia.

4 – Belize.

5 – El Salvador.

6 – Jamaica.

7 – Panama.

8 – Nicaragua.

9 – Venezuela.

10 – Guatemala.

PS1: No Blog do Forum Economico, existe a classificação de alguns outros países, o Brasil está na 21ª colocação.

PS2: Alguém diria que o Vietnam é o segundo país em índice de felicidade no mundo???? Pois é, nem eu!! kkkkkk

PS3: No blog oficial também existem comentários (em inglês) sobre outros países que as pessoas consideram que deveriam ser “infelizes” pelos mais diversos motivos, e não obstante são “felizes”…

Anos sem postar!

Depois de anos relapso com o blog, uma das resoluções pra 2013, é começar a postar de novo (será????)… Mas bem… Para comemorar a foto com FH postada no facebook, nada melhor que uma música em francês né… Porque… Né?? =D

Pois muito bem, ai vai… Impossível escutar e não lembrar de Recife, ainda que as margens do Capibaribe e do Beberibe não sejam assim, urbanizadas, como as do Sena… Mas vai assim:

http://www.youtube.com/watch?v=9AgFQmZi5lg

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